TOP 10 – Problemas na faculdade
7 de novembro de 2009Enquanto aguardamos o lançamento do QG Podcast 37, e ainda no clima da edição 36, sobre o ensino no Brasil, preparamos um TOP 10 apontando os principais problemas das nossas faculdades hoje em dia, recomendamos a leitura com calma e mente aberta!
10) O preço e o não-preço da faculdade
Muita gente deve pensar que um Top 10 com temática acadêmica deveria começar com o vestibular, mas vamos considerar a lista apenas com momentos pós-matrícula, mesmo por quê, para passar no vestibular da maioria das instituições particulares basta possuir RG e ensino médio completo, no caso das públicas, basta ter um ou alguns anos de vida sobrando pra jogar fora.
E ainda é complexo falar das universidades publicas, já que pra entrar nelas você precisa vender a sua alma de uma bagagem absurda, tempo e qualidade de estudo, o que acaba limitando o acesso apenas para pessoas com maiores “possibilidades financeiras“.
Quando chegamos nas faculdades particulares, que hoje são tão comuns que encontramos de todas as cores e preços, nos deparamos com um real comércio, com taxas de todos os tipos, cobranças pesadas em caso de atraso, juros altos, preços inegociáveis e muitas vezes chegamos a reflexão, será que vale a pena investir tanto dinheiro em uma faculdade ?
De qualquer forma… quer estudar ? Você vai precisar de dinheiro.
9) Vulgaridade
Nos últimos dias, rolou uma polêmica em torno de uma aluna da Uniban, em São Bernardo do Campo, que por usar trajes provocantes foi agredida verbalmente por outros alunos, gerando tumulto, além de vários vídeos no Youtube e intervenção da polícia.
Claro que a aluna estava errada e desrespeitou o ambiente acadêmico, mas isso não justifica nenhum tipo de agressão.
Nos últimos anos, testemunhamos não apenas as faculdades e universidades passar por uma séria “vulgarização”, mas toda a sociedade e o nosso país como um todo, pra não falar do mundo.
As pessoas que agrediram a tal garota, deviam lembrar que está em nossa cultura esse tipo de coisa, basta ligar a TV em qualquer horário e sapear pelos canais, ou bater o olho em algum portal de internet, está em todo lugar e não é a toa que o Brasil é visto como o país do carnaval ou país das mulheres mais lindas do mundo, claro que nossas mulheres são realmente maravilhosas, mas elas chamam a atenção internacional pela forma que são expostas publicamente no dia-a-dia, na mídia, ou em eventos como o carnaval.
Devido a natureza deste “Top 10”, não entremos no mérito da questão e se isso é errado ou não para nossa noção, mas voltando para as faculdades, a vulgaridade e diria até que o pensamento vulgar é algo que causa tumulto e devemos lembrar que o ambiente acadêmico deve ser respeitado.
8 ) Ciranda, cirandinha.
Apesar dos filmes americanos que mostram a faculdade como lugar de putaria festa, devemos lembrar que este ambiente é um lugar de definição de futuro e como já citado anteriormente, de grande investimento de tempo e ou de dinheiro, porém muita gente vai mesmo com o objetivo de se divertir e muitas vezes por falta de responsabilidade, acabam prejudicando as pessoas que vêem a faculdade com seriedade.
É impressionante e triste dizer que ainda tem aulas que são interrompidas e ou prejudicadas por bagunças, conversas e falta de disciplina, assim como acontece todos os dias em escolinhas infantis e ensino primário.
7) Relaxa, papai tá pagando!
Claro que toda regra tem exceção, mas em geral os filhinhos e filhinhas de papai que também poderiam muito bem ser considerados do item 8 desta lista acabam prejudicando e muito as pessoas que tem maiores dificuldades para se manter na faculdade.
São aqueles alunos que nunca trabalharam na vida, que o papai, a mamãe ou o titio pagam suas mensalidades ou bancaram sua bagagem pré-universidade e que não entendem que os que trabalham para pagar as mensalidades da faculdade precisam de um pouco de silêncio e respeito na semana de provas para estudar.
É comum neste espécie tipo de pessoa encontrar aqueles que não queriam cursar o ensino superior e que entraram contrariados neste meio para satisfazer os pais, é comum eles possuírem carros importados sem trabalhar, desrespeitar as outras pessoas e ir bem nas avaliações e trabalhos por terem muito tempo para estudar fora da faculdade, é comum também em uma outra variação, eles irem mal na faculdade, por priorizarem todo o tipo de diversão sobre o seu próprio futuro, já que muitos deles terem o apoio dos pais garantido após a faculdade.
6) A escolha da profissão
A menos que você tenha a profissão muita bem definida pelo papai, é bem provável que precisou refletir muito antes de entrar na faculdade e ainda existe a possibilidade grande de você estar refletindo até mesmo depois de ter começado a facu ou ter se formado.
Escolher a profissão é algo muito complexo e um processo delicado, um passo errado pode prejudicar o seu futuro pra sempre, recomenda-se pensar com calma e se for o caso adiar o início de sua graduação para não se tornar um grande problema na sua vida.
E por favor, se você não gosta de matemática e cálculos, não me inventa de fazer engenharia!
5) A distância e o transporte
Depois de um longo dia de trabalho, você precisa gastar 80% da paciência que ainda lhe resta no trânsito ou em meio a um coletivo lotado (ou as duas coisas) pois a única faculdade que tinha o curso que você queria fica muito longe ou você passou no vestibular daquela que fica a três cidades da sua casa.
O transporte público é um problema não apenas dos universitários, mas dos cidadãos principalmente das grandes cidades, lembrando o nosso foco aqui, falta incentivo e planejamento no acesso as grandes instituições de ensino, faltam planos especiais de transporte para os alunos e faltam mais faculdades e que sejam melhor situadas, próximas a linhas metrô, trem, corredores de ônibus e regiões residenciais.
4) Infra-estrutura
Você vende um ou dois olhos da sua cara pra manter as mensalidades da faculdade em dia e mesmo assim, precisa estudar em livros rasgados e desatualizados, com aulas em transparências ou sem laboratórios especiais para o seu curso
Em escolas públicas isso é comum e nas particulares acontece por descaso, por não valer a pena investir em um curso que não dê o devido retorno financeiro.
Seja o dinheiro dos impostos ou a mensalidade que você paga direto para a faculdade, para onde vai essa grana ?
3) Os professores
Claro que os alunos, os pais, a instituição, o governo, a sociedade
e o lado negro da força tem sua culpa na atual condição do ensino e nos problemas que vemos nas faculdades hoje em dia, mas não podemos deixar de mencionar os professores.
Nem preciso dizer que toda regra tem exceção, mas muitos de nossos mestres simplesmente não merecem tal título, seja por falta de interesse, receberem salários baixos, por acharem que a maioria dos alunos não vale o esforço (muitos não valem mesmo) ou por vários outros motivos.
Reforçando três pontos interessantes:
– 3a) Professores sem preparo
É muito comum nos depararmos com mestres que não possuem didática, carisma e muitas vezes até falta de conhecimento da disciplina.
É fácil testemunhar alunos sendo cobrados de atualização e empenho em trabalhos, mas muito difícil ver mestres que se atualizam, se dedicam a seu emprego e o melhor, que continuam estudando, fora aquele professor clássico que fica lendo slides, ué, se é pra ler slides podemos ler em casa, não precisamos ir pra faculdade.
– 3b) Professores que não sabem escrever
Isso é menos comum que um professor que simplesmente não tem preparo, mas ainda assim acontece… recebi um e-mail na semana passada de uma professora, pedindo um trabalho, esta mensagem foi apresentada exatamente da forma a seguir:
“trabalho TEMA X pesquise sobre o TEMA X, quais os tipos que são oferecidos no mercado, onde utilizar, quando utilizar e etc. É só um exemplo e não se limita a exatamente isso NOME-DA-PROFESSORA”
Obs.: Não adicionei ou removi nenhuma vírgula ou ponto da mensagem original.
– 3c) Que você se dane!
No final das contas concluímos que o professor não está muito afim de dar boas aulas ou contribuir de verdade com a formação e o futuro de profissionais, tanto que é normal ouvirmos algumas frases do tipo “eu estava aqui o tempo todo, vocês que não quiseram perguntar”, “na minha época não era assim” ou então “você tem que se virar se quiser ser um bom profissional”.
2) As provas e trabalhos
Um ponto essencial que só entra para esta lista por ser muito mal aproveitado, é sobre a questão das avaliações, sendo provas ou trabalhos, elas sempre estão lá para infernizar a vida dos alunos.
Os trabalhos extra-classe, são usados como meio de aprendizado e avaliação faz muitos anos, desde a época em que os alunos tinham tempo para se dedicar a eles, hoje em dia o cotidiano das pessoas mudou, mas os trabalham continuam sendo explorados da mesma forma que antes, seja para complementar conteúdos que os professores não estão interessados a se atualizar, seja para ocupar alunos que estão prejudicando a aula, seja pelo simples fato de manter uma tradição, os trabalhos estão lá, ora propostos como atividades individuais, que prometem avaliar um único aluno e sem desempenho, ora apresentados como atividades em grupo, que avaliam o mesmo único aluno, como se fosse vários deles.
Sem considerar ainda que os trabalhos solicitados possuem complexidade cada vez maior e os professores tem o costume de ignorar que em um curso, os alunos freqüentam várias disciplinas simultaneamente, estas que também simultaneamente exigem os tais trabalhos.
A questão é que hoje em dia, muitos alunos, e geralmente aqueles que levam o ensino a sério, trabalham e muito para manter os seus ensinos, então… quando conseguir elaborar estes projetos? Simples, essa questão é respondida por professores das mais diversas áreas com uma outra pergunta: “O que você faz da meia noite às seis?”
Mas quando falamos de provas, as coisas mudam de figura, sai de cena a tranqüilidade do lar e o desenrolar de divertidíssimos trabalhos e entra em cena o “estudar as vésperas das provas”, onde os alunos revisam um semestre, ou um ano de conteúdo em algumas horas, são decorados as pressas os principais tópicos e uma linda prova é respondida no dia seguinte… genial!
Só que… você acredita mesmo que ao passar em uma prova de 1 ou 2 horas, está provado que o aluno realmente domina alguma disciplina ? E se um aluno é reprovado nessa avaliação, será mesmo que ele é incapaz naquele conteúdo ?
É claro que não! Se uma pessoa freqüenta um ambiente diariamente durante um longo período, existem várias formas de avaliar se o aluno está absorvendo alguma informação e se está entendendo esses dados, hoje em dia, temos estudantes preparados durante um período letivo para realizar uma prova e não para utilizar aquele material no mercado de trabalho, em sua profissão.
Basta tentar relembrar matérias aprendidas no primário, no ginásio, no colegial e na própria faculdade, você verá que “aprendeu” para passar de uma prova e não pra usar na sua vida, o que acontece nesse caso é que ao final da prova, você simplesmente esquece o que aprendeu. É isso que acontece, todos sabemos, nossos mestres sabem e simplesmente, que continue assim, AMÉM!
1) É… a faculdade NÃO te prepara pro mercado!
Finalizando este TOP 10, uma verdade dura, mas real… o curso superior não te prepara para o mercado de trabalho, nem para exercer uma profissão com competência, ao se formar (a menos que o papai te indique ao mercado) você está na dependência de cursos profissionalizantes, cursos específicos, extensão, passar por fases de trainee ou estágio em empresa, começar de baixo e aprender conceitos práticos e até mesmo teóricos funcionais que você não aprendeu na faculdade.
A idéia da faculdade é te ensinar um conceito base, que te dará os fundamentos necessários para entender outros ensinamentos que te levarão ao mercado de trabalho, não se iludam, pois apesar desta premissa, como vemos nos itens anteriores, nem isso a faculdade está cumprindo.
Claro, como já disse antes, toda regra tem exceção, mas em geral, é isso, você estuda por 4 ou 5 anos, pra ter o direito de aprender alguma coisa na prática ou continuar estudando com mais seriedade e aí sim, se tornar um bom profissional.
Quer uma profissão, vá fazer um curso técnico, procure cursos profissionalizantes e objetivos na área que você gosta, se você for bom isso, a faculdade será o fator menos importante no seu currículo.
Esse foi o Top 10, problemas nas faculdades, um relato sincero, feito por alunos, para a nossa sociedade, sendo esta lista, uma espécie de apêndice do QG Podcast 36 e que fique claro, não é a minha intenção fazer que ninguém desista da faculdade, mas as coisas mudaram pra pior, e ter ciência de como tudo está se desenrolando, poderá nos permitir, mudar as coisas pra melhor.
Este texto foi escrito por Marco, com contribuições de Marta, Pi, Alan e Harnest. Obrigado!
Ótimo post, não tenho nem muito o que comentar. O último tópico é uma das coisas que mais me incomodam a respeito do ensino superior, nada é pior que você olhar a grade curricular do seu curso e ver que metade das disciplinas não vão lhe ser úteis profissionalmente.
Bom, mas é a vida (no Brasil)!
Vamo que vamo…
Abraços Galera! 😉
PS. Voltem logo com o QG, o podcast de vocês é muito bom e está fazendo falta.
Parabéns pelo post, também não tenho o que comentar. Ficou muito bom. Só tenho o que acrescentar com um depoimento pessoal de problemas com a faculdade.
Dentre aqueles pequenos problemas burocráticos, um deles acabou virando um Problemão (sim, com P maiúsculo): cortaram minha bolsa parcial! Desde o começo do curso, eu só pude ir levando adiante por causa da bolsa parcial que eles me concederam.
Então, justamente no semestre em que eu estava mais apertado financeiramente, eis que a faculdade sumariamente corta esse benefício. Eu tentei fazer um novo pedido, tentei argumentar, mas segudo eles eu não poderia fazer esse tipo de procedimento fora do período estipulado… Resultado: já que eu estava no 6º semestre, eu não poderia parar, então tive que me matricular em apenas parte das matérias – isto é, “arrastando” por um ano a mais.
Fora esse problemão, tive um problema numa escala menor: a faculdade esqueceu de me comunicar que, no ano passado, eles esqueceram de me incluir no Enade. Então, na última quarta-feira, no fim do meu expediente de trabalho, recebo um telefonema avisando que eu, já formado porém ainda não fiz colação de grau, precisaria comparecer até a faculdade pra assinar uma liminar para poder fazer a prova no domingo.
Custava ter me avisado isso na época do Enade passado? Creio que não! Mas deixam pra me avisar faltando poucos dias para prova!!!
Enfim, escrevi demais já.
Abração pra vocês.
– – – – –
PS: tb estou no aguardo do próximo podcast.
Marco fez um doutorado nisso!
Ahaahha… O Marco traduziu muito bem os problemas que enfrentamos na faculdade hoje em dia… Parece que não há luz no fim do túnel…
Ah…. é verdade….
É triste, mas é verdade… perdi um ano de faculdade por professores irresponsáveis e incompetentes…. São as pessoa, e é difícil lidar com elas!!
Oi Marco!
Tudo o que você falou, infelizmente, é verdade!!! Mas quem sabe isso não muda um dia!!!
Parabéns, pelo post!!!
Esse post é um tremendo mimimi de quem não sabe se comportar diante de dificuldades. Fala tanto de filhinhos de papai mimados e age da mesma forma.
Fora que não entendo o óbvio: pra que pagar 4 anos de faculdade particular tosca se você pode pagar 1 ano de um bom pré-vestibular e estudar numa pública que, se não é a melhor coisa do mundo, tem diploma mais conceituado no mercado e, veja só, não tem mensalidade?
Tá achando que no mercado de trabalho o chefe vai ser perfeito e todo mundo vai te amar? Acordem pra vida!
@Indignada: Oi Srta. (ou Sra.), tudo bem ?
Seguindo a sua idéia… fico 1 ano pagando cursinho pré-vestibular e passo em uma faculdade pública (assim como o Pi, que ajudou a escrever este artigo), como vou me manter durante os 4 ou 5 anos da faculdade, em que (geralmente) terei de estudar em período integral ? Como trabalhar ? E outra, como disse acima, as faculdades públicas não possuem um bom ensino… pelo contrário, são piores que as faculdades privadas, mas possuem conceito maior simplesmente pq seus alunos precisam se dedicar mais… um aluno de escola pública bom, precisa ser autodidata e estudar fora da faculdade, então quem estuda em escola pública tá lá só pelo diploma ???? Esse é o absurdo, sacou ?
Outra detalhe, o seu comentário final foi realmente infeliz… primeiro que, se você reparar no texto, eu referencio o fato de já trabalhar e saber bem como é isso, e se reparar em especial no “top 1” dessa lista, vai ver que um grande problema de nossas faculdades, sejam públicas ou privadas, é que elas não preparam os alunos para o mercado de trabalho, ou seja, se ficarmos acomodados e esperarmos o diploma, não vamos estar prontos mesmo para o mercado ao final do processo.
E infelizmente… já acordamos pra vida faz tempo, esse post é um reflexo grande disso.
A convido a ouvir o QG Podcast 36, aqui no site mesmo, e reler esse artigo com mais atenção.
Abs.
Olá Marco. De certa forma, também achei que houve exageros ou generalização no texto, ou muito “mimimi”. Nao conheço a situação em outras cidades, somente um pouco do Rio/RJ. A qualidade do ensino, o “preparo para o mercado” e a competencia dos professores a meu ver estão adequados. Talvez, como foi indicado no seu texto, o problema maior seja dos alunos dos primeiros periodos, que vao obrigados pelos pais e varios q não tem a menor noção do que fazer da vida.
Estudei em escola técnica e trabalho desde que concluí o “segundo grau”, fiz pre-vestibular, passei para universidades estadual e federal, cheguei a estudar nas duas, concluí engenharia na federal por conta do horario oferecido (detalhe que tambem fiz, concomitantemente, um curso tipo “politecnico” em uma particular). Atualmente estudo em universidade particular (fazendo mais uma graduação e uma pos). Em todas observei uma maioria de professores bem preparados, de alto nivel, com boas instalacoes e que deram sim bom preparo e formação profissional. Provas e trabalhos nunca tiraram o couro ou acabaram com a vida de ninguem q eu conheci e ainda não conseguiu-se melhor ferramenta para quantificar apredizado. Haviam, e ainda encontro, alguns professores meio “nhe”, mas são exceção.
Digo isto tmb p/ ilustrar q, mesmo sem moleza, é possível conciliar trabalho, vida pessoal e estudo. E que a situação do ensino pode sim carecer de melhoras, mas não é só desgraça.
Ps.: como trabalhar e estudar em turno integral? Existem alternativas formais e informais, o negócio é correr atrás. Ou entao dizer que a vida é difícil e reclamar que os pais não tiveram recursos p/ bancar e mimimi..
abs a todos;
Ps.2: Acredite, tentei escrever o minimo possivel…
Desculpe-me por mais algumas ponderações:
Acho q o universitário precise ser um pouco autodidata, e também autônomo, responsável e disciplinado, coisas que ou não são ensinadas ou até então não eram exigidas (necessárias), por isso o choque. Ele deve pensar e agir como profissional da área escolhida desde os primeiros períodos, se interessando pelos assuntos abordados como fazendo parte de sua vida, e não continuar se vendo como “estudante” apenas, ou pior, “aluno”.
Talvez o que mais impacte seja, na verdade, o preparo que é dado no ensino básico e médio. As crianças e adolescentes só precisam assumir a postura de “ensine-me”, em uma atitude passiva, e acabam que não apredem a “aprender” (um processo ativo, que requer esforço e vontade).
Chegam na universidade muitas vezes sem saber estruturar pensamento lógico-matemático. Ou de ir aprendendo ao longo do curso (ao inves de concentrar p/ vespera de provas), dividir tarefas complexas, estudar em ambientes ruidosos (focar atenção), aproveitar melhor este escasso recurso que é o tempo. Por isso que não vejo motivo p/ ter mágoas dos professores que não aceitam a falta de tempo ou muitas tarefas como desculpa, pq no final das contas eles passaram por situação parecida ou pior, e chegaram onde estão. (talvez a eles só falte certa habilidade social de não se atritar de tal forma com alunos).
Mais uma vez, não é uma questão de ter o privilégio de estudar nos colégios mais caros.
(Agora, a parte mais pessoal do que achei. Por favor, não sou ninguém, não entenda como um ataque e sim como uma forma de analisar o tom do seu texto) Me vem à mente que no momento em foi escrito os sentimentos predominantes eram de frustração, rancor, um pouco de inveja, fora que a maturidade demonstrada parece mais de um adolescente inconformado (e pouco informado).
Frustração talvez pela nova realidade encontrada, diferente do que havia sido idealizado, rancor ou inveja pelas condições dos mais abastados, que não fazem idéia dos esforços ou sacrifícios de alguns, e por aí vai.
É um texto bom para ser relido daqui a alguns anos…
nachsieben, boa argumentação, mas vejo o que Marco está expondo como pontos a serem melhorados, não como um todo, mas que existem e sim dificultam ou desmotivam várias pessoas.
Tal qual você, tenho formação técnica e sempre trabalhei. Curso uma universidade estadual e trabalho. Tenho algumas sérias dificuldade pois trabalho em média 12h por dia, e isso me atrapalha muito e é este tipo de situação que percebo na exposição do Marco. Pois a conta é simples: Trabalho para viver e bancar estudo, se não trabalho fica dificil viver, fora a colocação no mercado que não é tão simples.
Tenho ótimos professores, alguns mestres e doutores, mas a didática nem sempre é o ponto forte, fora que o hábito de trazer o dia a dia para as questões teóricas não é algo comum.
Tudo o que digo não é contra seu argumento, pelo contrário, sempre acreditei que o aluno é responsável pela sua educação, então não questão apenas de ser auto-didata, mas sim de ter um canudo que afirme que você sabe tal conteúdo e nisso algumas faculdades dão melhores meios do que outras. Além do mas, desejar algo não é reclamar, apenas argumentar que talvez poderia ser diferente. Afinal pra que tantas linhas pedagógicas se a tradicional formou a população e estamos onde estamos?
Felippe leia e vc se verá em muitas partes deste artigo.
E eu que faço pedagogia e fico reprovada por 2 décimos e tenho que repetir tudo de novo.
Ótimo post Marco.
Só mais uma observação, ainda existem os casos em que depois da pessoa vender sua alma para passar em uma faculdade publica não consegue estudar porque o curso é integral e a família não tem condições de bancar, livros, hospedagem, transporte, etc etc.
A unica solução seria melhorar o ensino básico e acabar com as faculdades públicas como é em outros países.
E claro, alguns diriam “E as pessoas de baixa renda, não vão estudar?”
Se o ensino básico médio fosse melhor seria possível um sistema de avaliação similar ao americano que leva em consideração TODO o histórico escolar e não só 1 ano de cursinho que nossa dondoquinha “Indignada” comentou com tanta sapiência.
[]’s
Peço desculpas por “desenterrar” o tópico.
nachsieben.
“Ps.: como trabalhar e estudar em turno integral? Existem alternativas formais e informais, o negócio é correr atrás. Ou entao dizer que a vida é difícil e reclamar que os pais não tiveram recursos p/ bancar e mimimi..”
Gostaria de saber quais são as alternativas formais e informais que você se referiu, porque ficou um tanto vago sua afirmativa. Venhos procurando a muito tempo pela resposta (talvez roubar um banco, ou ganhar na Mega Sena?).
Todos os cursos que tenho interesse em fazer na UFMG são integrais, preciso trabalhar pois minha família não terá condições de bancar livros, transporte, etc…
Como alguém formado, experiente neste assunto, talvez possa achar uma resolução para o meu problema.
Também gostaria de saber como você conseguiu estudar em uma universidade pública, em curso de período integral (e pelo visto em outro curso simultaneamente), e trabalhar ao mesmo tempo. Como isso é possível?
Fazendo uma comparação com a condição daqueles que são de países desenvilvidos, fiquei sabendo que para eles há a possibilidade de trabalhar (meio período) e estudar, ainda sobrando tempo para atividades físicas e uma boa noite de sono. O que me leva a crer que as coisas aqui devem mudar. Pois é óbvio que tais privilégios ajudam na produtividade dos alunos, por conseguinte, ajudando no desenvolvimento do páis, já que teremos alunos mais preparados e com uma carga de conhecimento mais sólida.
Aguardo resposta as minhas questões. Saudações.
PS: Não estou atacando seu texto, apenas fazendo uma análise parcial do tom do seu texto.
@Yuri: Legal, também gostaria de saber mais sobre essa resposta do nachsieben… Abs.
Olá Marco e Yuri.
Na epoca, procurei encurtar o comentario e não entrar no detalhe (já tinha ficado enorme!). Fora que poderiam entender que estava me gabando ou coisa do tipo, e não era esse o objetivo, e sim fazer as pessoas saírem um pouco do paradigma e acreditar que é possível contornar dificuldades e melhorar de vida.
Posso dizer que o que deu certo p/ mim, na época em que fiz Engenharia no Cefet (puxava mais materias na parte da tarde e início da noite, poucas vezes de manhã tmb), além do tecnologo a noite na Estacio e alemao aos sabados, foi trabalhar em regime de turno ininterrupto de revezamento. Na verdade, comecei o curso na UERJ, mas lá era mais difícil concentrar os horarios (mesmo concentrando todas as materias na manha, marcavam provas à noite, as vezes), por isso que depois optei pela Federal.
Tendo em vista o tempo de duracao do tecnologo e que faltava do outro, essa situacao foi por dois anos e meio, depois fiquei “só” trabalhando e estudando engenharia. Eu optava mais por materias à tarde p/ perder menos aulas, visto o tempo que demorava, quando saía de manhã, no deslocamento de Tangua (onde trabalhava) p/ o Rio (onde morava e estudava). Nao perdia tempo dando desculpas aos professores quanto às faltas, assumia o onus, e nao cheguei a ter problemas dificeis de serem contornados com isso (fora que eu demorei bem mais que o normal p/ me formar, ocorreram algumas reprovacoes – por falta/abandono).
Não lembro o que eu pensei como alternativas quando comentei, mas penso, será que dando aula (cursinhos, monitoria, particular) não dá p/ trabalhar fora dos horários “administrativos”, fora dos horarios das aulas? Quem trabalha com entretenimento (animacao de festas), garcom, etc, também nao consegue trabalhar fora desses horarios? Fora isso, existiam vários colegas da engenharia que trabalhavam embarcados em plataformas, na Petrobras, e levavam o curso na periodicidade quase normal. Também tinham trabalhadores de outras empresas privadas, além de Furnas e da Petrobras, que também trabalhavam em turnos de revezamento, como eu.
(motorista p/ finais de semana, fretamento, vendedor ambulante, motorista de taxi, serviços domésticos, existe uma lista de trabalhos que podem ser exercidos fora do h.a. O que não dá é p/ fazer faculdade em periodo integral e trabalhar no horario administrativo.)
Desculpem-me, mas assim que tiver mais tempo e me lembrar de mais alguma coisa volto aqui. Espero q pelo menos ajude a abrir um pouco a mente e, quem sabe, entender que quem precisa pode se sujeitar a sacrificios temporarios para uma melhora de vida.
@Yuri: só nao vejo suas alternativas como “trabalho”, mas serviriam como meio de se obter recursos, apesar de discordar moralmente da primeira 🙂
(desculpem de novo, estou com sono e com pressa! nem acesso esse blog, cheguei aqui por acaso ambas as vezes!)
Abs,
Procurei acima mostrar que tanto trabalhadores de grandes empresas, em cargos de nível médio (formal, ganho de salario razoavel, horario pre-definido), como autonomos (que talvez ganhem menos na maioria dos casos, nem tem horario tao certo) conseguem tirar algum sustento e ter horários disponíveis e livres p/ cursar a faculdade integral.
De qq forma, os recursos mais valiosos são a saúde e o tempo, e o negócio é aproveitar ao máximo cada momento.
Boa sorte Yuri, espero que vc consiga superar suas dificuldades (de dinheiro tmb, trabalhando ou não), e que depois se lembre disso como um grande desafio que você venceu e não algo que serviu de desculpa p/ não prosseguir!
Boa noite!
Depois deste debate, temos algumas novidades..?
Precisamos de novos comentários, estavam bons, precisam ser atualizados.
Logo no início, estava a favor das ponderações do Yuri, porém a Nachsieben tem argumentos empolgantes.
Gostaria que comentassem o que pensam hoje, depois de passar esse tempo devem ter novos pontos de vista e seria muito legal que compartilhassem.
Sds
Péssimo post. Totalmente preconceituoso e generalista. Estudo em uma faculdade particular, e justamente aqueles que bancam a própria faculdade são os que mais levam “nas coxas”, não fazem trabalhos, faltam aulas, colam, e conversam durante as aulas. Sem tempo pra estudar? Engraçado, meu pai cursou a mesma faculdade, trabalhando 8 horas por dia e era o melhor aluno da sala! Que coisa! Sinto lhe dizer, mas duvido que você não gostasse de ter a oportunidade de ter alguém como seu pai ajudando na sua formação? Acho que você não sabe, mas estudos comprovam que aqueles cujos pais ajudaram na formação, em sua maioria, são os mais bem sucedidos, pois tiveram tempo de se dedicar aos estudos. O problema não é o trabalho, ou o fato de ser ou não “filho de papai” como você fala de forma preconceituosa. O problema é a mentalidade de cada indivíduo, e os seus objetivos ao entrar numa faculdade. Quem entra querendo estudar, estuda, não importa se é ou não “bancado por alguém”. Sinto muito, mas você deveria fazer uma pesquisa mais aprofundada antes de fazer este tipo de comentário.
vim aqui procurando idéias sobre como lidar com problemas e encontrei um post não apenas inútil, mas com um item machista…difícil
O que muitos alunos chamam de exagero e descaso dos professores na verdade é uma técnica pedagógica. Nem todo aluno vai engessar no mercado de trabalho e mesmo os que irão precisaram aprender a se virar sozinhos (o que não é bem trabalhado nas séries iniciais). Quando o professor as vezes diz: “se vira moleque!” ele as vezes está preparando o aluno para as porradas da vida ou do meio acadêmico. Gostei do texto, embora tenha nele uma pitadinha de mi mi mi de aluno. Quanto a professores que não sabem escrever tive alguns, mas nunca foi problema. E a não ser que sejam erros grosseiros que realmente comprometam a compreensão do texto (o que não foi o caso do exemplo apresentado) não vejo muito problema se objetivo da disciplina não for ensinar gramática. Têm também o analfabetismo matemático. Não dominar o básico da matemática me parece tão ridículo quanto não saber escrever direito. Só que como ele é bem mais comum a maioria das pessoas não o comentam, pois não é bacana reconhecer as falhas da sua própria formação. O legal é apontar as falhas dos outros. Continuem com o site. Amo o podcast de vocês.