Tropa de Elite 2

13 de outubro de 2010 4 Por Marco

Tropa de Elite 2Nem preciso relembrar aqui o sucesso e a polêmica do primeiro Tropa de Elite, filme de 2007 que passou a fazer parte da nossa cultura, com suas frases, cenas e personagens de efeito.

O sucesso foi tamanho, que além das milhões de sátiras, charges, comentários, críticas e até #NascimentoFacts, acabou gerando continuação, fato praticamente sem histórico no cinema nacional.

Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro não é apenas um filme de ação muito bom, assim como o primeiro é uma grande crítica social e também uma imensa crítica ao nosso cenário político. Na trama, que se passa 14 anos após o primeiro filme, acompanhamos o agora Tenente-Coronel Nascimento (Wagner Moura) que por suas ações polêmicas cruzadas com o apoio da população e ainda, em meio a jogadas políticas, acaba fora da polícia e assumindo o cargo de subsecretário de segurança do Rio de Janeiro, se tornando o responsável pela inteligência e estratégia do estado, tendo a oportunidade de ampliar a força do BOPE.

Nascimento e o filhoSe no primeiro filme, Nascimento dividia o destaque na tela com Mathias (André Ramiro) e Neto(Caio Junqueira), dessa vez não tem pra ninguém, o personagem de Wagner Moura assumiu mesmo a posição de protagonista, deixando o agora Capitão Mathias como mero coadjuvante… e se você tá achando que o novo cargo do Nascimento deixou o filme mais morno e que o lendário capitão se tornou mais um burocrata, se enganou, o filme está tão violento e cheio de ação quanto o primeiro.
Nascimento tem até mesmo seus momentos Jack Bauer buscando justiça com as próprias mãos, mesmo depois de ter saído do BOPE, ação como nenhum outro filme brasileiro (com exceção do Tropa 1) trouxe aos nossos cinemas.

Nascimento

Novos personagens surgem e temos ainda a participação de velhos conhecidos do filme anterior, como o já citado Mathias, que não tem mais dúvidas sobre sua profissão e se tornou um soldado impulsivo e raivoso, uma versão mais frenética e irresponsável do Capitão Nascimento do primeiro filme.

Temos ainda o eterno zero-dois, Fábio (Milhem Cortaz) que volta como um coronel da polícia militar que gerencia os “esquemas” em suas tropas. Russo (Sandro Rocha), que no primeiro filme tem uma pequena participação onde suborna um policial que quer tirar suas férias de direito (“-Quer rir, tem que fazer rir”), dessa vez é um dos principais vilões do filme… falando em vilões, surge o esperado Seu Jorge, como o vilão Beirada, que convence demais, só que infelizmente tem uma participação muito pequena.

Seu JorgeEntre os novos personagens, temos a repórter investigativa Clara (Tainá Müller), o apresentador fanfarrão Fortunato (André Mattos), o filho adolescente do Coronel Nascimento (Pedro Van Held) e Diogo Fraga (Irandhir Santos), um personagem que merece destaque e respeito, pelo simples fato de ser o cara mais corajoso do universo, não por bater de frente com políticos corruptos ou lutar pelos direitos humanos, mas por pegar a ex-mulher do mais-mothafocka-herói-brasileiro-de-todos-os-tempos Coronel Nascimento.

Um aspecto que torna o filme ainda mais atraente, é o fato da maior parte da história, se passar durante o período eleitoral e abordar políticos e candidatos fazendo de tudo para se eleger, o que inclui manipular o sistema. Sistema esse, que com uma ênfase bem maior que Tropa 1, é o maior inimigo de Nascimento.

CorrupçãoÉ uma pena que por se tratar de uma obra de ficção, Tropa 2 não tem peso de denúncia, mas se não funciona pra abrir os olhos de nossas autoridades, serve para abrir os nossos olhos, pode ser ficção, mas tudo, ou a maior parte do que é abordado no filme existe sim no mundo real, e todos nós estamos cansados de saber disso, ver o Coronel Nascimento lutar com o sistema pode servir de inspiração e pra vermos que apesar de tudo estar tão ruim, ainda podemos lutar contra o que está errado e contra o sistema, que é tão falho. Chega em determinado momento do filme, em que Nascimento está na câmara dos deputados e diz pra quem quiser ouvir algumas verdades, que poderiam ser ditas no mundo real, por qualquer cidadão com um pouco de consciência política.

Pela crítica política e social, pelas cenas de ação, pelo excelente enredo, não temo em dizer que esse é um dos melhores filmes que já vi, e de longe, é o melhor filme nacional que já esteve em cartaz, merece prêmios, Oscar e a repercussão que com certeza terá nos próximos dias.

Confira o trailer oficial e corra pro cinema:

No elenco do filme, temos Wagner Moura, Irandhir Santos, André Ramiro, Seu Jorge, Milhem Cortaz, Maria Ribeiro, Tainá Müller, André Mattos, Sandro Rocha e Emilio Orciollo Netto.
Produção de Marcos Prado, Malu Miranda, roteiro de Bráulio Mantovani e José Padilha que também dirige o filme. (Classificação, 16 anos)

Vale dizer que pra esse lançamento foi montado um esquema especial de segurança, então simplesmente não existem cópias piratas do filme a venda, vale dizer ainda que o QG apoia a iniciativa “Soque um político corrupto” (Veja o filme para mais detalhes) e pra terminar… apesar de se tratar de um site de família, com público de todas as idades, desculpem, mas não poderia encerrar essa crítica senão com a frase:

A porra do sistema é foda.

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